segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Ode à Morte

ODE À MORTE

Jota Nil
(Tácito Silveira da Mota)

A angústia do vazio
no espaço ermo do Além.
Onde estão as estrelas?
O sol! Eu sinto um frio
estranho, imaterial!

Nada ouço, nada vejo...
No entretanto, Eu existo.
Sinto-o apenas, talvez
pelo medo... sim, medo
de ter perdido a Cristo!

Perscruto as trevas densas,
procurando uma luz!
Ausculto esse silêncio
total - pupilas tensas,
os ouvidos frustrados,
preso do desespero!

Grito. E ninguém responde!
E não ouço o meu grito.
Não encontro a mim mesmo.
Vejo-me só. E aflito,
procuro compreender.

Integro-me no Cosmos
universal, assim
como uma gota d'água
diluindo-se no oceano.
Luz que se apaga - é o fim!

Não alimentarei
mais ódio nem amor!
Meu orgulho ou vaidade
nada mais significam.
Não sentirei mais dor!

Oh! bem aventurança.
Eis-me liberto e forte:
não sou mais a unidade,
sou todo indivisível.
Bendita sois, oh! Morte!


Tatuí, Setembro de 1948

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