domingo, 27 de junho de 2021

Êxtase


ÊXTASE

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

Quero fechar os olhos
mansamente...
e abandonar os nervos
de repente,
em deliciosa inércia!

Quero sentir o nada
em meu ser
longe de pensamentos...
e sofrer
momentâneo vazio!

Depois... julgar sentir
a euforia
de meu deslumbramento!
Eu queria...
fugir - ah! se eu pudesse
refugiar-me
no próprio esquecimento.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Aipobureu


AIPOBUREU

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

Era da tribo Bororó. Feliz
entre os seus, na selvagem liberdade
que desfrutava, Aipobureu bendiz
seguir os santos padres à cidade,

um dia, onde aprendeu a ler. E quis
ir a Paris, a Roma! Lá, debalde
tenta esquecer a Taba. Era infeliz.
O Rio das Mortes... Cuyabá! Saudade.

Retrospecção


RETROSPECÇÃO

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

A brisa desta noite sussurrou-me
qualquer segredo antigo, que estava
- esquecido
no fundo do meu coração!
Com seu aroma, veio-me à lembrança,
também,
um perfume meu conhecido,
indefinível, estranhamente
remoto, não sei mais de quem...

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Lavadeiras


LAVADEIRAS

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

Entre barrancos altos, corre o rio.
E numa enseada bate o sol em cheio,
onde refulgem résteas no erradio
das águas lamacentas. E no meio

da margem uma tábua. O mulherio
trabalha; bate a roupa e, num boleio
de corpo, agacha-se no correntio
para lavar depressa, num receio

de que talvez o tempo mude... Agora,
estendem no varal as peças limpas,
pingando, para enfim, em chegada a hora,

recolherem enxutas, e dobradas
formarem as enormes trouxas claras,
que levam à cabeça, equilibradas...

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Depois da seca


DEPOIS DA SECA

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

Um azul desbotado se descerra
sobre a paisagem quieta, de mormaço
amodorrante. O sol bafeja a terra
com raios que parecem chispas de aço!
Uma árvore despida de folhagem,
numa interrogação ao céu, levanta
os galhos nus! Nem uma leve aragem
no silêncio terrível que se adianta
na estatez* sonolenta da atmosfera
esbraseante. Porém, por um milagre
talvez, variou o tempo e se fizera
negro o céu. E ventou. Uma trovoada
forte anunciou a chuva que caiu
em beijos sobre a terra requeimada!

Poemeto


POEMETO

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

No céu,
a nuvem.
Na terra,
a poeira!
Nas matas,
a zoeira
dos insetos.
No mar,
as ondas
e os peixes
a saltarem
com medo
da morte!
Na vida,
o homem
sofredor,
sofrendo
pela fêmea
querida!
e... numa síntese,
a mulher,
no seu erotismo,
cantando
a beleza máscula
da vida
e do amor!

Relatividade

 RELATIVIDADE JOTA NIL (Tácito Silveira da Mota) Eu tenho os meus olhos para admirar as estrelas, para olhar a lua, para olhar as flores, pa...