domingo, 21 de maio de 2023

Relatividade

 RELATIVIDADE


JOTA NIL

(Tácito Silveira da Mota)


Eu tenho os meus olhos

para admirar as estrelas,

para olhar a lua,

para olhar as flores,

para olhar o sol

e o entardecer.


Entretanto, alguns

permanecem na escuridão!

abrem os seus olhos

opacos, sem vida,

desejando ver...

e eles nada veem.


Eu não sou feliz!

Por que?


quarta-feira, 17 de maio de 2023

Tufão

TUFÃO


JOTA NIL

(Tácito Silveira da Mota)


A ventania cresce, destelhando,

e medonha na sua fúria ruge,

estraleja, tatala, arremessando

longe todas as coisas. Lá, estruge


um raio, mais além um outro, ateando

fogo às matas, às casas; ali, surge

um bando de mulheres cambaleando,

entontecidas, gritos... E ressurge,


afinal, o sol; restam as ruínas

agora, e entre elas duas deliciosas

crianças brincam, riem as traquinas


em seu lar infeliz e destroçado.

Parecem duas inocentes rosas

em um jardim sem flores, - devastado.


quarta-feira, 26 de abril de 2023

3 Amores


3 AMORES

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

O amor dos namorados é um vir a ser,
vago como um esboço, sem forma,
sem cor...

O amor dos noivos é um hino de ternura,
de desejos, de sonhos, de ilusão,
de ardor...

O amor de mãe, de pai, é tortura constante,
diferente, sublime, é medo indefinido,
é vigília cruel, - é um amor
dolorido...

sábado, 25 de dezembro de 2021

Pária do amor

PÁRIA DO AMOR

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

De olhar parado e quase agonizante,
o pobre moço andeja embriagado
pelas ruas do Centro deslumbrante
de vida, e de rumor desapiedado.

Ao seu lado, sob a garoa fina,
ela passou bem rente a si, ligeira,
loira, numa figura à cartolina
de boas-festas, rindo prazenteira...

Ele esfregou os olhos estonteado
ante aquela visão de iluminura:
o seu sonho real, concretizado!

E a cidade monstruosa, indiferente,
ficou a rir do seu olhar-ternura,
- na agonia do seu amor nascente...

sábado, 31 de julho de 2021

Despedida

DESPEDIDA

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

Avizinha-se a hora da partida...
Penso nos dias bons que se passavam
adoráveis, na alegria incontida,
espontânea, nas horas que entoavam

louvores à amizade verdadeira.
Penso, também, nos dias ensombrados
de sofrimentos vários, na canseira
dos dias de trabalho, nos lembrados

e inesquecíveis dias entretidos,
passados a jogar familiarmente
prélios interessantes, divertidos...

Penso tanto, quisera não pensar...
Como é cruel a vida! Certamente
alegre em ir, mas triste em vos deixar...

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Fim de Safra

FIM DE SAFRA

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

Tarde estival. A usina trepidava,
beneficiando os últimos capulhos
de algodão. O sol, duma fresta, espiava
as tulhas esgotadas. Pedregulhos,

pedras, cipós, pequenos paus, estavam
aos montes no quintal. Nos sarabulhos,
aqui e ali, a besta procurava
o capim encravado nos pedrulhos

para comer!... Um negro despejou
o derradeiro saco de algodão;
e suado, pachorrento, retirou

do carro uma garrafa de caninha
e bebeu! Um violento estremeção
sacode-o. Cospe. Alisa a carapinha...

domingo, 27 de junho de 2021

Êxtase


ÊXTASE

JOTA NIL
(Tácito Silveira da Mota)

Quero fechar os olhos
mansamente...
e abandonar os nervos
de repente,
em deliciosa inércia!

Quero sentir o nada
em meu ser
longe de pensamentos...
e sofrer
momentâneo vazio!

Depois... julgar sentir
a euforia
de meu deslumbramento!
Eu queria...
fugir - ah! se eu pudesse
refugiar-me
no próprio esquecimento.

Relatividade

 RELATIVIDADE JOTA NIL (Tácito Silveira da Mota) Eu tenho os meus olhos para admirar as estrelas, para olhar a lua, para olhar as flores, pa...